sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Muito Obrigado Superezio!!!


Muito Obrigado Superezio!!!
por Fábio Simas
 O tempo, há o tempo... com ele as pequenas mudanças que vão acontecendo quase despercebidas aos nossos olhos.
Lembro-me como se fosse quase hoje, da infância e pra adolescência no embalo dos amigos de bairro e aqueles intermináveis debates sobre futebol. Nem lembro direito quando me tornei tricolor, acho que já estava no DNA (meu falecido vô era tão fanático que pôs nomes nos filhos de craques tricolor de sua época). E esse DNA e essa paixão que tanto faz chorar, rir e gastar horas de sono e sonho faz lembrar um pouco desta época. Tempos difíceis, não podemos esquecer. Depois daquela avalanche dos anos 80 e a derrota na semi do brasileiro de 88, a fase foi dura, um verdadeiro teste dessa devoção. Mas a paixão não se explica só por triunfo, talvez a trajetória, o caminho, o processo seja mais marcante.
Foi exatamente nesta época que surgiu com a nossa camisa tricolor, nosso emérito artilheiro. E como fazia gols! Quase não perdia cara a cara com o goleiro, mas difícil mesmo era a bola chegar com tanta freqüência dada a limitação do time de sua época. Ah, se o nosso Ézio pudesse ter jogado com Pet, Conca ou Deco...
Os tentos de cabeça então eram bombas nas redes adversárias. Inesquecíveis ainda eram as comemorações todas de braços abertos em disparada à torcida verde, branco e grená. E nos Fla-Flus? Era nossa apoteose! O time batia a cabeça abaixo na tabela, mas bastava ter Fla-flu que nosso sorriso se renovava e ele sempre lá deixando o dele, não é à toa que é o terceiro maior artilheiro do maior clássico que já inventaram nesse esporte. E falo mais: é o maior goleador dos Fla-Flus!!! Sim! Pois Zico disputou o clássico por mais de 15 anos e Hércules uns 7. Já Ézio em sua curta carreira (e vida) ficou pouco mais de cinco anos no nosso pó-de-arroz. Também era marcante sua incrível raça, lutava como um guerreiro com os zagueiros, muitos de seus gols foram feitos pela sua força de não desistir nunca, bem a seu estilo, talvez prenunciando a saga do time de guerreiros. Não é à toa que virou o super-herói dos gramados: o Super-Ézio.
Em uma época que não tinha payperview e Premier em cada bar da esquina. A emoção e nervosismo daqueles tempos era na latinha com a Antena da AM esticada nas verbalizações que impõem mais nervosismo ainda de JC Araújo e Penido. E na TV, a gente corria pra assistir o compacto dos clássicos e futebol  na segunda-feira à noite. É rapaziada, até isso existia! Vibrante mesmo era Januário de Oliveira que não cansava de repetir: “Èzio, super-Ézio, Super-Herói tricolor!!!” “É disso que o povo gosta, Addison” com os comentários brabos do nosso Gérson. Tempos em que clássico no Maracanã começava às 17h, o preço do ingresso era acessível ao povo, tinha a Geral onde as torcidas adversárias conviviam juntas. Não tinha metrô na porta....
Ainda havia os jogos no velho estádio das Laranjeiras, o verdadeiro caldeirão do futebol carioca. Ganhar da gente lá era muito difícil, com o nosso Super-Ézio então nem se fala...
Os poucos títulos se contam nos dedos mas emoções não faltam. Qual tricolor daquela época não lembrar daquela garfada pro Inter em 92?  Talvez o mais doloroso dessa época, curiosamente o último adversário do que Ézio viu o Flu bater, domingo passado no mesmo Beira-Rio. E a redenção no antológico Campeonato Carioca de 95, talvez o maior de todos que acabou numa barrigada. No Brasileiro desse ano, já torcendo pela recuperação, Fred estampou Ézio na camisa e fez o gol da vitória derrubando o líder Corinthians e essa garra deve nos deixar mais um tempo no topo.
Mas um ídolo não se faz somente disso. Talvez o carisma, a simpatia da fala mansa, o sorriso aberto para torcedor, a fidalguia com os adversários (típico das três cores que traduzem tradição), a atenção com a torcida quando assistíamos os treinos no nossa velha casa e a paixão que ele demonstrava pelo nosso clube, parecia um de nós dentro de campo lutando o tempo todo contra as dificuldades bem ao nosso estilo. Sua paixão por jogar no Flu era tanta que chegou a firmar certa vez “Nunca criei empecilho para renovar acordo, tamanha era a vontade de permanecer no Fluminense”;
A doença conhecida por muitos como mal do século interrompeu ontem o caminho deste homem mas o ídolo, esse não se desfaz com o tempo para seus fãs, ele é transversal as décadas e aos séculos. São imprescindíveis! Ele parece às vezes que é da nossa família, fazia parte do nosso dia/dia, carrega recordações de nossa trajetória, nossa inocência, nossa epopéia, pegadas que suspeitam um pouco do que nós nos tornamos...
Valeu Super-Ézio por nos fazer tão feliz em meio a euforia caótica em que vivemos!!!

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